O Pó Cegante das Mariposas

Pense bem nas coisas que você escutava de seus pais e avós durante sua infância e com certeza vai lembrar de várias histórias; “não aponte para as estrelas, vai nascer verruga nos dedos!”, “se nadar de barriga cheia vai acabar morto”, “misturar leite com manga é um veneno!”, “mata este morcego, pois se ele te morder vai pegar raiva!”. Esses e outros tantos mitos fizeram parte de um jargão comum para a maioria das crianças, passando de pai para filho apenas com o intuito de nos proteger.

O problema acontece quando estas advertências são, na verdade, puramente lendas hereditárias que acabam, além de nos ensinar informações incorretas, podendo prejudicar a vida de outras criaturas. Sendo assim, quem também nunca ouviu falar no famoso “pó das asas das borboletas e mariposas que cegam”?

Pois então, você sabia que o que as lepidópteras (borboletas e mariposas) liberam, não são nem pó, nem mesmo cegam? É sobre isso que trata o post de hoje.

Antes de falar um pouco mais sobre isso, vamos entender como são as asas de uma borboleta, pois teoricamente, são elas que liberam o tal pó.

A asa das mariposas e borboletas são cobertas por milhares de escamas microscópicas. “As escamas inserem-se em ambas as faces da asa e são elas que constituem a poeira fina que se prende aos dedos, ou que se desprende do seu corpo, quando, presos, se debatem.”

Estas escamas também são responsáveis pela coloração das lepidópteras, “É da difração dos raios luminosos incidentes sobre uma superfície tão finamente sulcada, que resultam as cores brilhantes das asas dos Lepidópteros”.

Pronto, agora que o livro Insetos do Brasil já nos auxiliou a explicar a composição da asa destes insetos, vamos falar um pouco sobre o risco que estas tais escamas podem nos causar à saúde: basicamente, nenhum! Bom, pelo menos nada grave.

Estas minúsculas escamas são cortantes para tecidos mais frágeis e delicados, como os olhos por exemplo. Mas é praticamente impossível que cheguem a cegar, pois para isso teria que danificar a retina ou a córnea, que estão localizadas bem profundamente no globo ocular. O que acontece é que estas micro escamas podem ser vistas como uma poeira sujando nossos dedos: se você esfregar os olhos, com certeza vai provocar irritação, vermelhidão e coceiras, num caso grave, pode provocar lesões na esclerótica (parte branca dos olhos) e essas lesões, se não tratadas, podem infeccionar, criando um problema bastante grave.

Ou seja, problemas ligando olhos e “pó de borboleta/mariposa” estão mais relacionados à falta de higiene do que a algum tipo de toxina. Lave bem as mãos, e se livre de qualquer problema!

Em outros casos, o pó de algumas mariposas específicas do gênero Hylesia (imagem abaixo), por exemplo, podem causar dermatites, como aconteceu no ano de 2010 quando algumas pessoas foram à procura de atendimento médico no Litoral do Paraná se queixando de irritações na pele.

Fonte: www.scielo.br (2006)

Fonte: http://www.scielo.br (2006)

Agora, com o objetivo de banir a coragem de matar lepidópteras, segue abaixo algumas macrofotografias feitas pelo bioquímico e fotógrafo Linden Gladhill, que nos mostram essa maravilha em um nível não observável pelo olho humano. As imagens, que foram ampliadas entre 7 e 17 vezes a partir do seu tamanho natural, mostram as escamas que cobrem as asas dos insetos, com padrões belíssimos.

 

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